VOCÊ JÁ OUVIU FALAR OU CONHECE O PRESÍDIO DO FIM DO MUNDO?!

Frente do Presídio - atualmente Museu Marítimo de Ushuaia

Como começar essa matéria?! Talvez vocês estejam se perguntando, o que faz uma pessoa que trabalha dentro de uma unidade prisional, em suas férias, ir visitar outro presídio?! Pergunta um tanto curiosa, de fato! Porém, em se tratando do Sistema Prisional, não somente em nível nacional, vemos que se têm muitas histórias a serem contadas por cada um de nós que fazemos parte deste Sistema, e confesso para vocês, apesar de ser totalmente perigoso (considerada a 2ª profissão mais perigosa do mundo, segundo a OIT) e insalubre, ela é APAIXONANTE.
Existem profissões em que a vocação fala mais alto, é como se o seu uniforme (farda para muitos), fosse a sua segunda pele.

O INÍCIO DA "AVENTURA"  

Avião sobrevoando o Oceano Atlântico à caminho de USHUAIA - O FIM DO MUNDO

Aterrissagem em USHUAIA

Em setembro de 2016, pude embarcar nessa aventura indo conhecer a Patagônia Argentina, passando por El Chalten e El Calafate e é claro que não pude deixar de ir até Ushuaia. Cidade mais conhecida como o  “Fim do Mundo”.

Logo na aterrissagem, as pessoas entram um pouco em pânico e ficam  apreensivas, pois neste lugar se venta muito, e o avião é claro, tem dificuldade em se manter estável, principalmente na descida quando se aproxima a terra firme. O aeroporto fica na cabeceira do mar e por ser o extremo Sul do Continente Americano, e estar próximo a Antártida se faz muito frio neste local. Dá para imaginar a temperatura das águas dali!?

Placa indicando que você está literalmente no FIM DO MUNDO.

Porque "Fim do Mundo?! Ushuaia é considerada a cidade mais ao Sul do Planeta Terra. Ou seja, é a cidade que fica lá no "Fundão" do Mundo.

A CONSTRUÇÃO DO PRESÍDIO E SUA INFLUÊNCIA PARA O SURGIMENTO DA CIDADE

O presídio de Ushuaia,  começou a ser construído em 1902, a ideia era levar os presos militares e os presos políticos,  porém, na sequência começaram a levar psicopatas, serial killer, dentre outros presos perigosos. Por chegar aquele lugar outros trabalhadores, de outras regiões para a construção da Unidade, outros serviços foram necessários, como a eletricidade, sapataria, telefone, alfaiataria, pequenos comércios e indústrias, bombeiros, mais casas para os funcionários do presídio e seus familiares. Foram necessárias também a abertura de rodovias para se chegar até o local e a necessidade de aumento de embarcações, ou seja, o mínimo que uma cidade necessita de infraestrutura. Durante quase 20 anos varias gerações de réus tiveram que se encarregar da construção do prédio que só foi terminado em 1920. No presídio haviam 380 celas individuais e os presos eram divididos conforme os delitos que haviam cometidos.

O presídio encerrou suas atividades em 1947, quando Juan Perón (Presidente da Argentina na época), determinou seu fechamento. Alguns historiadores falam que o motivo do encerramento das atividades do presídio seria por razões humanitárias, outros já afirmam que o custo financeiro era alto demais.

O fato, é que o presídio ajudou e muito para o crescimento da cidade, foi a partir do presídio que se estabeleceu a necessidade de se criar ovelhas, gados para a alimentação, e assim começou a nascer a economia de uma cidade local, como resultado da quantidade de presos e das famílias dos presos que se deslocavam até lá. 

Foto panoramica do local
fonte: http://www.vividasboas.com.br/ushuaia-museu-do-presidio/

Depois do prédio ser desativado na década de 40, foi fundado em 1994, em suas instalações, o Museu Marítimo de Ushuaia, por Carlos Pedro Vairo, e inaugurado em 3 de março de 1995.

VIDEO DO PAVILHAO 1 - Uma viagem ao passado.

VIDEO DO PAVILHAO 1 - Mantido no mesmo estado de quando foi desativado em 1947. 

 

FOTOS DO PRESÍDIO, VÍDEOS, TREM DOS PRESOS E BOSQUE

Guarda - Boneco de Cera observando o Pavilhão

Pavilhão 1

Pavilhao 1

Guarita 

Locomotiva

Trem dos presos

Placa explicativa

Locomotiva

Placa Explicativa

Horários de Entrada e Funcionamento do Museu

Vista da passarela do piso superior do Pavilhão 1

Pavilhão 1 - desativado e mantido como estava após 1947

Corredores Pavilhão superior

Pavilhões reformados - Museu/Parte 1

Pavilhões Reformados - Museu/Parte 2

UNIFORMES OFICIAIS  DOS GUARDAS E DOS PRESOS DA ÉPOCA

Uniforme dos Guardas do Presídio - Azul dos guardas internos, Verde dos guardas armados.

Explicação referente aos Uniformes dos Guardas

Preso Uniformizado

Uniforme Oficial do Preso

Explicativo Uniforme do Preso

GALERIA TEMÁTICA RELACIONADO AO PRESÍDIO

Galeria Temática

Fachada da Galeria Temática

Bonecos de Cera - Simulação de Preso Tentando fugir 

Bonecos de cera - Prisioneiros

Boneco de Cera - Guardas armados



Preso Trabalhando

Bonecos de Cera - Prisioneiros consertando o trem

Bonecos de Cera 

Boneco de Cera - prisioneiro cortando tronco de árvore. 

Guarda de guarita

ALGUNS CONDENADOS DO PRESÍDIO

Sacomano

Sacomano

Sacomano foi condenado a prisão perpétua por ter assassinado uma mulher acreditando ser uma prostituta. Ele quis roubar o dinheiro da mulher, quando na realidade a vítima era uma telefonista chamada Salas.

Cayetano Santos Godinho (Primeiro Serial Killer conhecido na Argentina).

Godinho e sua Ficha Criminal

Apelidado de “El Petiso Ojudo” (baixinho orelhudo).  Foi o primeiro serial killer conhecido da Argentina. Sua carreira de crimes hediondos começou quando criança, aos sete anos de idade.

Cayetano Santos Godino nasceu em Buenos Aires, Argentina em 31 de outubro de 1896 era também conhecido como "Petiso Orejudo" ("Anão Orelhudo"), foi um assassino em série que apavorou Buenos Aires, com apenas 16 anos. No início do século 20, ele foi o responsável pelo assassinato de quatro crianças, a tentativa de assassinato de mais sete crianças e ao incêndio de sete construções.

Para ver a ficha criminal completa acesse o link: http://omundomau.blogspot.com/2009/08/cayetano-santos-godino.html

Simon Radowytzky

Condenado à prisão perpétua pelo assassinato do então chefe de polícia Coronel Ramón Lourenzo Fálcon, em 1909, com uma bomba. Simon, era um anarquista ucraniano e ativista na América do Sul. Foi o unico preso a fugir do local. Porém recapturado na fronteira com o Chile.

Simon Radowytzky

Ricardo Rojas

Ricardo Rojas

Dramaturgo, orador, historiador, poeta e político, Reitor da Universidade de Buenos Aires e autor de inúmeros livros, foi preso e enviado ao presídio de Ushuaia quando aconteceu o golpe Cívico-Militar de 1930.

HIERARQUIA DOS PRISIONEIROS

Placa explicando a Hierarquia dos presos

Trabalho dos presos no bosque e replica do trem utilizado na época

Cela mantida no mesmo estado que se encontrava desde a desativação do presidio.

FUGA DE PRESOS

As fugas neste presídio eram impossíveis, nas paredes haviam grossas pedras com barras duplas, o piso de madeira está assentado sobre uma rocha, fazendo com que fosse impossível cavar um túnel ou romper as paredes. Não havia muros que rodeava o presídio, somente um alambrado. Quando algum preso conseguia fugir, era só os guardas esperar uns 3 dias para que eles batessem na porta do presídio pedindo para retornar, pois o frio era muito intenso, os rios congelados e sem vegetação, não podendo dessa forma se abrigar, pescar para comer, tomar água ou comer alguma fruta ou vegetais. 

Fugas

ALGUNS OBJETOS E FOTOS DO TRABALHO DA ÉPOCA

Grilhões - Bola de ferro utilizado nos pés

Bola de Ferro utilizado nos pés

Chavão das Celas

Chavão das celas

Cela sendo construída

Banda de músicos

Ferramenta para o uso do plantio

Taabalho de arar a terra com o auxílio de gados

Homem colocando os grilhões no preso

Forma com que eles eram "acorrentados"

RIO PIPO

Pipo, foi um preso que tentou escapar, porém seu corpo foi encontrado congelado após alguns dias junto ao rio e devido a esse episódio o rio é hoje conhecido como Rio Pipo.  

Rio Pipo

O TREM DOS PRESOS

O trem era necessário para transportar lenha para as estufas e fornecer eletricidade ao cárcere e ao resto do povoado, motivo pela qual a recente cidade de Ushuaia dependia direta ou indiretamente do presídio. A lenha era um recurso fundamental para a subsistência, era preciso obter de maneira regular, principalmente no inverno. No total das árvores cortadas em um dia, metade eram queimadas nas 120 estufas  do presídio, e o restante, na usina que gerava eletricidade para o presídio e para a cidade.

Devido as numerosas remessas de presos políticos, enviados a ilha, durante a década de 1930 a população do isolado cárcere do fim do mundo  era igual a quantidade de habitantes  de Ushuaia, chegando a albergar mais de 600 reclusos, cifra bem superior a sua capacidade real que era de 380.

Trem do Fim do Mundo

Trem do Fim do Mundo

Bosque com árvores cortadas

Bosque com árvores cortadas

Mapa do local

Estação do Trem do Fim do Mundo

Trem com guardas e prisioneiros 

Presos retirando o gelo para o trem poder passar

Trem dos presos

Presos trabalhando

Sepulcro Petiso Orejudo

Inverno em Ushuaia

Trem com presos retornando ao presídio com os troncos das árvores que serão utilizados como lenha

É isso guerreiras(os). Assim começamos a nossa nova página do Blog intitulada CURIOSIDADES. Se você mulher guerreira, tem alguma curiosidade que envolva o mundo prisional, envie para nós sua história ou matéria, para que todos possam conhecer e saber que o Sistema Prisional também é cultura, tem muitas coisas interessantes em nosso meio.

E-mail contato: guerreirasnosistemaprisional@gmail.com


Obrigada à você, que leu toda a matéria, tentei não escrever muito e colocar mais imagens para não ficar cansativo pra vocês.

TKS, e até a próxima MATÉRIA CURIOSA, envolvendo o SISTEMA PRISIONAL.

Abraços...

#ForçaEHonra

Fontes:

Foto Panorâmica do Presidio: fonte: http://www.vividasboas.com.br/ushuaia-museu-do-presidio/
Ficha Criminal completa do preso vulgo "Orelhudo":  http://omundomau.blogspot.com/2009/08/cayetano-santos-godino.html

BLOG: GUERREIRAS NO SISTEMA PRISIONAL