Proposta que confere aos agentes penitenciários
direitos inerentes à carreira policial recebeu 21 votos
Na sessão ordinária da Assembleia Legislativa,
realizada nesta quarta-feira (10), foi aprovada em segundo turno a criação da
Polícia Penal no Espírito Santo, por meio da Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) 32/2019, de autoria do ex-deputado e atual prefeito de Vitória, Lorenzo
Pazolini (Republicanos), conferindo aos agentes penitenciários direitos
inerentes à carreira policial.
Foram 21 votos favoráveis e uma abstenção, do deputado
Rafael Favatto (Patri), que não votou por presidir a sessão. Não
compareceram à sessão os deputados Bruno Lamas (PSB), Hudson Leal
(Republicanos), Iriny Lopes (PT), Marcelo Santos (Podemos), Marcos Mansur
(PSDB), Theodorico Ferraço (DEM) e Vandinho Leite (PSDB).
Foi apensada à PEC de Lorenzo Pazolini proposta
semelhante da gestão de Renato Casagrande (PSB), encaminhada este ano para a
Casa de Leis. O texto votado foi o do executivo, pois, conforme parecer da
Comissão de Finanças, estava "mais completo" por incluir o estatuto e
a lei orgânica da Polícia Penal como lei complementar de caráter estrutural.
A PEC havia sido aprovada em primeiro turno na
Assembleia na sessão de três de outubro. O presidente do Sindicato dos
Inspetores Penitenciários do Espírito Santo (Sindaspes), Rhuan Fernandes,
explica que os próximos passos são a regulamentação e a lei orgânica. Esta
última irá detalhar questões como atribuições dos policiais penais e
remuneração. "É um momento muito importante, um marco em uma luta que dura
mais de 20 anos. Antes éramos uma polícia de fato, agora somos de fato e de
direito", diz Rhuan, referindo-se ao fato que os agentes penitenciários já
cumpriam funções de policiais penais, mas não eram reconhecidos como tais.
O prefeito Lorenzo Pazolini compareceu à sessão e
classificou a aprovação da PEC como uma "vitória do parlamento e dos
policiais penais" e como uma prova de que "com diálogo é possível uma
construção coletiva". "Hoje nasce a Polícia Penal pelo excelente
trabalho que vocês [agentes penitenciários] têm desenvolvido. Hoje é o
início desse reconhecimento", destaca.
Em sua justificativa de voto, o deputado Capitão Assumção
(Patriota) salientou que os policiais penais "são grandes
vencedores", diante do resultado da sessão desta quarta-feira (10).
Alexandre Quintino (PSL) afirmou se tratar de "um dia histórico para a
segurança pública e para o sistema penal do Espírito Santo".
Danilo Bahiense (sem partido) defendeu o aumento do efetivo,
apontando que de cerca de 3,2 mil inspetores penitenciários, uma média de 1,9
mil atuam em Designação Temporária (DTs), e, inclusive, fazem escolta sem
armas, o que, defende, representa perigo para o trabalhador, o detento e para a
população.
O deputado destacou ainda que o Espírito Santo será o 12º
estado a contar com a atuação da Polícia Penal, adequando-se ao que estabelece
a Emenda Constitucional 104/19. Os demais estados são Santa Catarina, Maranhão,
Acre, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal, Tocantins, Rondônia,
Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo. O deputado Freitas (PSB) afirmou que a
aprovação da PEC significa "a emancipação de um setor importante".
A proposta seria votada em primeiro turno na sessão de
27 de outubro. Entretanto, a matéria, que já havia sido aprovada na
comissão de Segurança e na de Constituição e Justiça, obteve parecer pelo
arquivamento na de Finanças. O argumento para isso foi de que a criação da
Polícia Penal é atribuição do executivo. O parecer do relator, Freitas, apontou
que a proposta semelhante da gestão de Renato Casagrande deveria ser aprovada e
seguir para o plenário.
O parecer da comissão foi questionado pelo presidente
da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos). Ele destacou que ou as
duas propostas, por serem matérias correlatas, deveriam tramitar em conjunto,
ou, no caso de arquivamento da de Pazolini, a de Casagrande deveria voltar para
o início do trâmite, pois ainda não havia passado pelas duas primeiras
comissões.
Diante disso, foi realizada uma sessão extraordinária da
Comissão de Finanças para discutir o tema. No colegiado, por unanimidade, os
parlamentares aprovaram o apensamento das propostas, destacando que o texto da
de Casagrande traz o estatuto da Polícia Penal, sendo, portanto, "mais
completo", cabendo ao plenário, na análise da pauta, fazer opção pelo
texto.
Fonte: Século Diário
Por: Elaine Dal Gobbo